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Fabrice Amedeo: um compromisso contínuo com a preservação dos oceanos
Instalado em setembro do ano passado no barco da classe IMOCA do navegador e jornalista Fabrice Amedeo, o sensor oceanográfico que permite determinar o teor de CO2, a salinidade e a temperatura dos oceanos realizou com sucesso as primeiras medições na regata Transat Jacques Vabres 2019. Neste ano, após a interrupção das competições por conta da crise sanitária, Fabrice decidiu ir ainda mais longe na preservação do meio ambiente.
- Thursday 28 May 2020
- - Onet
A quarentena de Fabrice Amedeo: descanso, vida em família, preparação para a regata Vendée Globe e novos projetos
Fabrice Amedeo passou a quarentena na cidade de La Trinité-Sur-Mer, junto da família.
O navegador fala mais sobre isso:
“Eu tive contato com algo similar à quarentena durante a Vendée Globe: foram 103 dias confinado em um espaço reduzido […]. Há um impacto mental quando você vive em um universo que muda constantemente. Do ponto de vista humano e psicológico, há inúmeras dificuldades. Ao fazer uma volta ao mundo, se você gosta da solidão e da vida ao ar livre, isso pode ser problemático ao voltar à terra firme novamente. É inevitável. No retorno, você tem dificuldades de ir a festas ou jantares onde 25 pessoas conversam. Mas o tempo sempre se encarrega de resolver isso. Nos dois sentidos. Quando você deixa a terra firme, nada é simples logo de cara. Você precisa encontrar o seu ritmo, reaprender tudo. Você desacelera.”
A quarentena de Fabrice Amedeo em sua casa, junto da esposa e das três filhas, permitiu a ele recarregar as baterias e experimentar grandes momentos. Essa foi uma oportunidade para descansar antes da partida para a sua segunda Vendée Globe, iniciada em 8 de novembro – uma maratona de quase 100 dias no mar, sozinho, algo bastante próximo do confinamento.
“Haverá um ‘antes’ e um ‘depois’”, explica Fabrice Amedeo, que continua trabalhando em parceria com a Onet para combater a poluição dos plásticos nos oceanos.
O confinamento permitiu a Fabrice observar o impacto da atividade humana no ecossistema – e ele pretende aprofundar a coleta de dados neste ano, acrescentando um módulo capaz de recolher microplásticos em todos os oceanos. Esse é um projeto ambicioso, realizado em parceria com o IFREMER, a Universidade de Bordeaux, o CNRS e o IRD.
O dispositivo conta com três filtros para a coleta de microplásticos* de diferentes tamanhos ao longo da regata. A cada dia, dependendo das condições climáticas, o velejador terá que trocar esses filtros, que serão armazenados a bordo. Um verdadeiro desafio, mas para ele, algo extremamente necessário:
“As atividades de medição de microplásticos são as mais demoradas e incômodas do nosso programa científico, mas a questão da poluição dos oceanos é tão urgente que não hesitei nem por um segundo. Mesmo que eu tenha que sacrificar um pouco do meu desempenho na regata em benefício da ciência, tenho certeza de que isso trará benefícios para o futuro.”
A instalação desse novo módulo no sensor oceanográfico ocorreu em maio. Os primeiros testes aconteceram neste verão na regata que substituiu a Transat New York – Vendée, incialmente prevista para junho.
*Partículas de plástico de tamanho inferior a 5 mm.
Fabrice Amedeo vai ao parlamento falar sobre a poluição dos plásticos
Por conta do seu ambicioso projeto oceanográfico na Vendée Globe, Fabrice Amedeo foi ao parlamento no dia 14 de maio. Ele foi entrevistado por Philippe Bolo, membro do Parlamento de Maine-et-Loire, e por Angèle Préville, senadora pela região de Lot, e também por relatores da OPECST (Gabinete Parlamentar de Ciência e Tecnologia), que coordenam uma pesquisa sobre a poluição de plásticos. O objetivo desse intercâmbio foi conversar com o capitão sobre a preservação dos oceanos e também sobre o sensor oceanográfico instalado no barco monocasco Newrest – Art & Fenêtres, da classe IMOCA 60.
A OPECST, uma entidade que ajuda parlamentares e órgãos do governo a entender e tomar decisões sobre assuntos científicos e tecnológicos, deu início em 11 de setembro de 2019 a uma pesquisa para combater a poluição dos plásticos. O interesse do estudo é identificar as origens da poluição e suas diferentes formas, impactos e efeitos, além de avaliar as soluções disponíveis para reduzi-la. Mais de 278 interessados no tema – pesquisadores, jornalistas, instituições, órgãos econômicos e ONGs – foram ouvidos sobre o assunto. Fabrice Amedeo falou ao lado de Catherine Chabaud, navegadora e deputada do Parlamento Europeu.
“Queríamos ouvir o Fabrice porque, com sua experiência de navegador, ele pode falar com propriedade sobre a poluição do mar”, explicou Philippe Bolo. “Além disso, o testemunho dele é importante porque faz parte de um conjunto mais amplo, que trata de soluções e conhecimento. Aliado ao seu compromisso esportivo, ele se coloca à disposição da ciência, colhendo amostras em áreas onde pouquíssima gente passa.”
Esse testemunho é um grande reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido até aqui, reforçando a utilidade das navegações de Fabrice para a ciência.
“É com grande satisfação que constato que o nosso projeto oceanográfico desperta tanto interesse, reforçado neste ano com o apoio dos meus parceiros Art de Fenêtres, Eléphant Bleu e ONET e com a ajuda dos cientistas que nos acompanham”, comentou Fabrice.
Essa troca de experiências com o Deputado Philippe Bolo e a Senadora Angèle Préville continuou até o outono para a adição de novos elementos, principalmente durante a preparação para a regata Vendée Globe, cujo início se deu no verão.
“Os microplásticos que Fabrice irá recolher do mar serão fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa. Eles contarão uma história que nos ajudará a entender melhor a poluição causada pelo plástico. Os primeiros resultados e conclusões dos cientistas serão incorporados ao relatório que apresentaremos no próximo outono, no qual destacaremos recomendações que ajudarão a resolver esse problema”, concluiu Philippe Bolo.
Acesse o último artigo do Ouest-France, o jornal francês de maior circulação: Vendée Globe: Fabrice Amedeo disputa a regata a serviço da ciência